BOCAINA: TERRA ENCANTADORA

Dez de abril é dia de festa, de comemorar, pois nossa humilde e aconchegante cidade completa 55 anos. É uma “idade” tão curta para uma história tão longa. A cidade que a uns viu nascer e crescer é a mesma que nasceu pelas mãos, pelo empenho e pela luta de muitos dos filhos seus. Homens e mulheres de fibra e coragem que amaram demasiadamente seu berço natal. Os sertanejos que ganhavam o pão com sangue e suor salgado do rosto foram os mesmo que impulsionaram o progresso desta urbe que galga para o desenvolvimento.

A cidade de Bocaina tem uma breve história, são apenas 56 anos do seu marco emancipatório, mas a nossa colonização é datada do século XVIII. Temos uma história encantadora e seus munícipes precisam conhecer para valorizar.

Na época em que se negociavam acordos de fronteiras em muitos pontos da colônia e os bandeirantes penetravam-se no interior do Brasil à procura de ouro e pedras preciosas, chegava neste vale e planície, entre montanhas e serras, um desbravador português trazendo, além de sua família, sonhos e fé. Parece que seus olhos se encantaram ao ver toda beleza paisagística desta terra querida e, logo que fez o reconhecimento da região, decidiu instalar-se aqui declamando a seguinte mensagem: “cheguei à terra prometida, aqui hei de ficar até morrer”, Antônio Borges Leal Marinho, 13 de maio de 1732, este foi o marco inicial do processo de colonização deste vale. Em seguida, fez a identificação dos principais acidentes geográficos, batizou a região por Fazenda Boqueirão, deu nome ao rio de águas cristalinas, Rio Corrente, enfim, agiu como um verdadeiro colonizador, cultivando a terra e fincando marcas de posse na região. Era o início de nossa história.

Borges Marinho trazia consigo seus irmãos, preocupou-se em acomodá-los; Albino na região de Inhamuns, hoje sede do município de Tauá/CE, Francisco fixou residência mais ao norte, onde hoje se situa a sede do município de Buriti dos Lopes/PI e Antônia fixou residência na localidade de Ipueiras.

Cumprida sua missão, retorna à terra prometida como ele mesmo havia proclamado, nesta ocasião muda o nome de Fazenda Boqueirão para Fazenda Bocaina e do Rio Corrente para Rio Guaribas e deu início à construção da casa sede da fazenda e da capela, realizando seus sonhos e, principalmente manifestando sua fé, pois Borges Marinho pertencia a uma família portuguesa de tradição religiosa. Assim ele lançava no Vale do Guaribas, mais precisamente na Fazenda Bocaina, uma semente de fé e devoção que germinou e deu frutos a qual sobrevive até hoje.

Em 1754 quando os guaranis tentam impedir a demarcação de fronteiras no Rio Grande do Sul na chamada Guerra Guaranítica e já contava-se 22 anos da chegada Borges Marinho nessa região, era concluída a construção da capela e logo foi sagrada pelo Padre doutor superior dos Jesuítas no Piauí João Sampaio, na mesma oportunidade as imagens de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Rosário, doadas pela irmã de Borges Marinho, foram bentas iniciando o novenário, sendo para nos bocainenses e descendentes de Borges Marinho seu maior feito e legado. Mas se coube a Borges Marinho e João Sampaio instituir, no vale do Guaribas, a festa em honra à Virgem Maria, a continuação deve-se a todos que pisaram neste chão e entraram naquele templo erguido pela família Borges Leal Marinho.

Texto adaptado por Antônio Valdemar


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