Agricultor e sócio do Museu Neno (do Homem Rural Nordestino) Joaquim Marques Neto, conhecido como Negão de Zé Marques, ganha 2º lugar no Concurso de Poesia /2020 promovido pela Academia de Letras da Região de Picos – ALERP.

Concorrendo com o poema  “Sonho de um Ribeirinho”, que narra um sonho que teve percorrendo o Rio Guaribas, Negão concorreu com 41 poetas de várias cidades e até de outros estados e caiu no gosto da Comissão Julgadora composta por quatro poetas, sendo um da ALERP e três da Academia Cruzeirense de Letras – Cruzeiro – DF. Mesmo sendo formado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI, pela sua vivência na roça, Negão descreve com versos simples o percurso do Rio Guaribas ao mesmo tempo que denuncia a sua destruição. É ler e conferir.

SONHO DE UM RIBEIRINHO

 

Numa noite mal dormida
Pensando em minha tristeza
Dormi pouco, mas sonhei
Com tão imensa riqueza.
Nessa história vou narrar
Essa beleza sem par
Presente da natureza.

Fui rever o Rio Guaribas
Nessa viagem só minha.
Comecei perto da Bocaina
Ali na Cachoeirinha
Muito lindo esse lugar
Onde pude observar
Toda beleza que tinha.

Cheguei no poço de Aurora
A viagem sendo seguida
No poço de Joaquim Preto
Foi onde pensei na vida
Admirando a beleza
Sem achar que a natureza
Pudesse ser destruída.

Na areia limpa do rio
Numa brincadeira amiga
Com uma turma de meninos
Mas parecia uma briga
Sem ver quentura no sol
Brincavam de futebol
Com uma bola de bexiga.

Lá no poço de Pascoal
De longe observei
As mulheres lavando roupas
Passei lá e não parei
No sonho, eu era pequeno
E pela vazante de Neno
A andar continuei.

Do beco de Chico Brejo
Vi o poço dos Homens lotado
Tinha uns jumentos com ancas
E um bocado de gado
João Trajano ali chegou
Encheu as cargas e voltou
Como se tivesse apressado.

No poço grande em Curral Velho
Fiquei impressionado
Com uns rastros que tinha lá
De muitos tempos passados
Um menino fazendo fole
Pisou num lajeiro mole
Ainda ao ser moldado.

O poço de João Neném
Que também passei por lá
Vizinho à Furna Grande
Um lugar pra se filmar.
Era um lugar diferente
Onde andava muita gente
Pra conhecer e pescar.

O Tamboril era um poço
De beleza sem igual
Tal qual o poço Assa Peixe
Da fornalha natural
Que existia no lajeiro
Debaixo de um Juazeiro,
Pra assar peixe era legal.

Depois era o Canal
Um lugar muito bem feito
Água passava entre pedras
Num lugar chamado estreito
De águas claras e correntes
Quem fez foi inteligente
Pra fazer tudo perfeito.

Pra chegar lá na Nascença
Passava na cachoeira
Foi quando a coisa mudou
Foi feita a grande besteira
A água já aumentou
A Nascença se acabou
Morreu o rio e a ribeira.

O rio Guaribas morreu
E com ele se acabou
O trabalho do ribeirinho
E nada de bom restou
Deus conseguiu criar
O homem fez foi acabar
Com aquilo que Deus deixou.

 

Parabéns, Negão! O Museu Neno sente-se honrado com o seu reconhecimento poético.

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